É comum
ler sobre os imperativos estratégicos de países, mas raramente vejo
algo sobre os imperativos estratégicos das cidades.
Da Wikipédia: Estratégia,
segundo Mintzberg, trata-se da forma de pensar no futuro, integrada
no processo decisório, com base em um procedimento formalizado e
articulador de resultados.
Vemos com
facilidade uma discussão de como os EUA precisam manter o domínio
da região do Caribe para poder projetar poder no resto do mundo, ou
como a Rússia precisa criar zonas de proteção na sua fronteira
europeia dada a impossibilidade de se defender de um ataque por essa
área, ou como o Brasil precisou de mais de uma geração para
construir uma infraestrutura que permitisse tirar proveito das terras
férteis do interior paulista e do sul do país.
Sobre
Parnaíba continuamos falando sobre alguns dos imperativos de uma
estratégia que vejo perdida no imaginário das pessoas daqui.
Falamos há décadas do porto, aeroporto, ZPE, etc, mas essas são
ferramentas dentro de uma visão do papel regional da cidade que não
se fala mais.
O que
vejo mais frequentemente é um pessimismo do tipo “O porto é
inviável, os portos de São Luís e do Ceará nunca vão nos deixar
acontecer” ou “Ao invés de porto devíamos ter uma marina” ou
“O aeroporto só serve para os urubus” ou, a mais famosa de
todas, “Parnaíba é a cidade do já teve”.
Precisamos
de um choque de ânimo e realidade: o papel de nossa
cidade precisa ser pensado e uma visão clara de futuro precisa ser
comunicada para que todos possamos fazer parte dessa luta.
De
maneira bem clara, quando o aeroporto daqui foi ser reformado para
ser internacionalizado as cidades de Camucim e Barreirinhas,
respaldadas pelos seus respectivos governos, lutaram para tomar para
si essa ferramenta, lembram? E quantos anos não se lutou para o
Ceará fazer a estrada que ligava Chaval a Granja (reduzindo
enormemente a distância para Fortaleza e aumentando o fluxo de
caminhões por Parnaíba) e, diz-se, o lobby de Sobral sempre lutou
contra?
As
cidades bem sucedidas têm uma visão estratégica que delineia sua
atuação. Um exemplo clássico é de como a prefeitura de
Nova Iorque nos EUA gastou uma fortuna para cavar um canal de
navegação ligando o rio Hudson aos grandes lagos e assim
conseguindo tirar a cidade de uma decadência econômica, isso no
século XIX. Hoje a França, para tornar o porto de LeHavre
competitivo na Europa, está investindo milhões, durante a crise,
fazendo um canal de navegação para ligar o porto às principais
vias fluviais do norte da Europa.
Portanto,
a análise de nossa região, nossas fraquezas e fortalezas, o
delineamento de nossa visão de futuro enquanto cidade, é parte
essencial para podermos construir uma cidade próspera e boa para os
aqui moram.
Vou
começar a escrever pequenos textos para estimular o debate e a
reflexão, apreciaria a participação de todos nos comentários.