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segunda-feira, março 04, 2013

Sobre a Propriedade Privada - Roger Scruton

Depois de um longo interregno, volto a postar partes do livro The Meaning of Conservatism, de Roger Scruton, agora sobre a questão da propriedade privada. Note que esses trechos representam apenas um pequeno pedaço de um texto maior e, por isso, serve mais como um aperitivo do que para exaurir o tema.

"Somente ignorando essa instituição [a propriedade privada] que foi possível para os oponentes do conservadorismo considerarem aspectos políticos como ´controle dos meios de produção´, a estabelecerem uma dicotomia simplória entre socialismo e capitalismo como representando a totalidade da política contemporânea. Para os Conservadores essa dicotomia é ingênua, já que ela simplifica para além do reconhecimento a base de sua observação, que é a absoluta e inarredável necessidade da propriedade privada.

A propriedade é a relação primária através da qual homem e natureza se juntam. Ela é, portanto, o primeiro estágio na socialização dos objetos, e a condição para todas instituições superiores. Ela não é necessariamente um produto da ganância ou da exploração, mas ela é necessariamente uma parte do processo por meio do qual as pessoas se libertam do poder das coisas, transformando a natureza resistente em uma imagem complacente. Através da propriedade o homem imbui seu mundo com vontade, e começa aí a descobrir ele mesmo como um ser social. (...)

Para considerar o que as pessoas são sem a propriedade privada - elas não podem identificar nenhum objeto no mundo que seja seu: logo elas não podem livremente valerem-se dos objetos e esperar que os outros concordem com o uso deles. Tudo que elas desejem é somente um objeto de desejo, e não de direito. Nem podem elas verem nenhuma parte do mundo como conectada (..) com ninguém. Uma pessoa que detém poder sobre bosques e campos não terá mais autoridade para usá-los que seu vizinho. O conceito de ´direito´e ´posse´ falham em informar um entendimento comum de mundo onde, em consequência, permanece alheio a elas e um campo de batalha para ambas. A batalha também não pode ser terminada por um presente, já que um presente pressupõem propriedade. Os objetos portanto não fazem parte no estabelecimento e reforço das relações sociais. Ao invés, eles permanecem completamente à parte do mundo das pessoas,.

Se as pessoas acordarem desse estado para serem verdadeiramente auto-conscientes - conscientes delas mesmas como agentes - então elas devem ver o mundo em outros termos, em termos de direitos, responsabilidade e liberdade. A instituição da propriedade permite que elas façam isso. Através da propriedade um objeto deixa de ser uma mera coisa inanimada e se torna, ao invés, o foco de direitos e obrigações." 

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